Diamante Sidney, dúvidas na criação e manutenção

Boas,

Gostava de obter alguma informação sobre este australiano como as condições necessárias para os manter, quais as dimensões de alojamento para a reprodução, alimentação, etc



Acho bastante piada a esta espécie, parece um Bico de Lacre mas é australiano e é mais próximo de Estrelas e Modestos!

Olá Luís,

A única ajuda que posso dar é... dizer que são mmmuuuuiiiitooooo bonitos

Abraço

Olá Lourenço, o Diamante de Sidney é efectivamente um bico de lacre, mas do género Aegintha. Existe contudo e actualmente, uma confusão com esta espécie por parte da OMJ (Organização Mundial de Juízes) e COM (Confederação Ornitológica Mundial), pois a mesma ave é inscrita em duas classes, uma com a denominação aegintha e outra neochmia. Em Espanha chamei a atenção a este "pequeno detalhe". O Diamante de Sidney concorre directamente com o Bico de Lacre e foi a ave Campeã do Mundo este ano, na classe que participo.

Embora Australiano, está mais próximo dos seus parentes africanos. É um "seed" e "grass eater", especial atenção a este detalhe, pois diz-nos muito sobre a ave.

Existem três sub espécies (pelo menos que eu tenha conhecimento): A. temporalis temporalis, A. t. minor e a A. t. loftyi.
A raça denominada A. t. temporalis é encontrada em grande parte do território Australiano, pesando aproximadamente 10g. No estado selvagem, a ave é predominantemente de cor cinzenta. A coroa e nuca são cinza escuro e os lados da cabeça, peito, flancos e do uropígio são de um cinza mais pálido. A sua marca identificativa é a marca ocular, muito semelhante à dos bicos de lacre.
Uma fina banda dourada é encontrada entre as costas e a nuca superior. As asas são verdes com uma coloração verde-oliva. As bochechas, sob o olhar são esbranquiçadas. O bico é vermelho nas laterais com uma tarja preta em todo o comprimento e no centro das mandíbulas superior e inferior. O centro do abdómen é de um creme pálido, os pés de um vermelho rosado e da íris castanho avermelhada.
As fêmeas têm geralmente uma coloração mais esbatida. A marca vermelha ocular nos machos também é normalmente mais extensa, enquanto que na fêmea denota-se um tom mais acastanhado.
A A. t. minor é uma raça distinta encontrada na região do Cabo York. Esta espécie é menor e geralmente mais colorida que a anterior. É a espécie mais interessante para competição, apesar de mais pequena.
A asa negra e alta converte-se quase num tom dourado. A banda dourada entre a nuca e parte superior das costas não é facilmente visível. Esta é a menor e a mais colorida subespécie e é raramente vista em cativeiro.
A A. T. loftyi foi encontrada na Lofty Ranges, perto de Adelaide, até á ilha Canguru. Esta subespécie tem uma cabeça e barriga mais acastanhada. Esta espécie é maior que a dominante (Aegintha Temporalis). O diamante de Sidney encontra-se em áreas húmidas da Austrália, geralmente entre a folhagem da vegetação, onde procura constantemente o seu alimento.

Hábitos - Os diamantes de Sidney geralmente são encontrados em pequenos bandos e á medida que se aproxima a época de reprodução, reúnem-se em grupos cada vez mais pequenos, em arbustos, de forma a protegerem-se de predadores. Em relação á esperança de vida da espécie, foram encontrados exemplares em estado selvagens (que tinham sido anilhados) com cerca de 7 anos. Podem observar-se em colónia com outras aves.

Ninho - Em estado selvagem, dependendo das condições, o diamante de Sidney pode reproduzir-se durante todo o ano.
Esta espécie foi encontrada a nidificar em colónias, embora na maior parte das vezes façam o ninho longe das outras espécies, onde é construído numa árvore ou em arbustos. Em colónia, foram encontrados três ninhos a tocarem-se no mesmo arbusto - uma descoberta única, uma vez que a maioria dos casais costuma manter uma certa distância entre si. As aves costumam construir um volumoso, ninho de forma abobadada, geralmente perto do centro da planta. Tem preferência por folhagem espinhosa. As fêmeas põem cerca de 4-5 ovos, embora tenha sido relatado casos de 8 ovos. Ambos os sexos incubam, aliviando-se periodicamente durante todo o dia juntos, empoleirando-se o macho no ninho durante a noite. A incubação geralmente dura cerca de 13 dias, mas isso pode variar dependendo do clima e do comportamento do par em questão. Nos primeiros dias após a eclosão, os jovens são alimentados por ambos os pais, principalmente com insectos. Logo depois, os pais começam a alimentar gradualmente os filhotes com sementes descascadas.
Os juvenis emplumam geralmente com cerca de duas semanas de idade e demoram mais duas a abandonar o ninho. Ambos os pais e jovens retornam ao ninho à noite.


Em cativeiro - Apesar de ser uma espécie perfeitamente adaptada ao cativeiro, só os criadores de exóticos mais dedicados conseguem obter resultados positivos. Em Portugal é reproduzida com relativa facilidade.
Tenha em mente que um grande aviário com vegetação natural é o mais adequado para manter as aeginthas temporalis em quantidade. O viveiro deve ainda de dispor de boas áreas abrigadas, onde as aves podem evitar as condições de humidade e correntes de ar.

Viveiros com vegetação natural são quase essenciais para ter estas aves em reprodução. Se possível, devemos reproduzir a uma pequena escala, as condições que a ave deveria encontrar em estado selvagem.

Preferem arbustos espinhosos e espessos como local preferencial para a nidificação, já que demonstram uma preferência por plantas vivas, ninhos artificiais são geralmente evitados, só aceitam estes quando não dispõem de outros. Em cativeiro a nidificação ocorre geralmente nos meses mais quentes.

Deve ser administrado uma mistura de alta qualidade para exóticos com uma boa percentagem de milho alvo e japonês; alpista; painço vermelho e amarelo e Níger. Sementes germinadas devem estar também sempre á disposição, já para não mencionar alimento vivo.

Devem ter sempre á disposição grite ou ossos de chocos e carvão vegetal.

Espero ter ajudado.

Uma boa informação relativa a esta espécie e sub espécie, muito bom.

Boas,

Obrigado pela a ajuda

De facto, um aviário com vegetação é o melhor local para criar esta espécie (esta e muitas outras) sem o recurso de amas.
Eu estive a fazer umas pesquisas e encontrei alguma informação sobre a reprodução desta espécie em gaiola. Ao que parece, em gaiolas de 90 cm reproduzem-se bem, embora os resultados não sejam tão bons como em viveiro e requerem muitas vezes o uso de amas.
São relativamente fáceis de manter, mais fáceis que Bicos de Lacre e outros africanos. Em relação à alimentação, uma boa mistura de exóticos australianos, papa com ovo cozido, sementes germinadas e um pouco de alimento vivo na reprodução, principalmente nos primeiros dias de vida das crias. Também comem muito bem maçã.
Quando são pequenos parecem-se um pouco com os Sparrows.

Fernando, embora esta espécie seja muito parecida aos Estrildas, é mais próxima de Modestos, Estrelas e Phaetons (Neochmia phaeton), que antes eram todos considerados membros do mesmo género, Neochmia.
O fato de ser tão parecido com os Bicos de Lacre deve-se à evolução convergente, pois os Sidneys e os Bicos de Lacre adaptaram-se a habitats e modos de vida semelhantes.

Olá,

A minha experiência com Sidneys foi curta porque peguei neles perto da altura em que comecei a reduzir casais. De qualquer forma não me pareceram aves que necessitem de grande espaço e viveiros tão amplos e plantados como dizes. São sem dúvida menos exigentes que a maioria dos Estrildas.
Apenas realço a minha própria reserva sobre esta minha opinião porque neste caso em particular sempre tive acesso a aves criadas em cativeiro directamente pelos pais há bastante tempo. Eventualmente ajudou, mas foi essa a ideia com que fiquei deles. Muito calmos, muito bons a fazer ninhos e a alimentar sem grandes das "manias" dos africanos em relação a alimentação e primeiros dias. Isto em gaiolas na ordem de 1m, que são o alojamento normalmente usado pela maioria dos criadores da espécie. Viveiros não me ocorre dos criadores que conheço algum que use esse método.
Só não concordo com a aproximação dos mesmos em termos de dieta base aos australianos. Mas admito que ai foi opção minha mantê-los mais próximos dos africanos a nivel de misturas. E não se deram mal. Mesmo o alimento vivo fiquei com a impressão que não é de longe tão relevante mesmo em reprodução. Tenho realmente pena de não ter tido mais tempo e mais casais desta espécie porque acabei por não poder tirar muito mais conclusões, mas são uma espécie a que um dia gostava muito de voltar.

Sobre serem parecidos com os modestos em comportamento não vejo como. Enquanto os modestos são capazes de passar um dia no poleiro e sair de lá 3 vezes por dia. Mais par ao lado dos Sparrows talvez, mas mesmo assim mais "vivos". Os sidneys quando estão em bom estado são mesmo muito curiosos e activos. Já os Phaeton de que falaste são claramente "australianos" em comportamento a vários níveis (excepto talvez a agressividade direccionada). Um outro aspecto que me pareceu interessante é que se parecem dar muito melhor em gaiolas bem iluminadas e não gostam muito de zonas de sombra.

Referi em particular o "quando estão em bom estado" porque esta é uma daquelas espécies que às vezes aparece no mercado mas disfarça MUITO bem quando está em baixo. Ao contrário dos Estrilda que com poucas horas se vão abaixo e isso vê-se logo, os Sidneys aguentam-se dias. Por um lado é bom porque os torna mais resistentes, mas por outro obriga a atenção na aquisição. Sobretudo para quem não conhecer bem a espécie.

Cumps,

Olá Ricardo,

Obrigado pela ajuda.

Esta informação que meti aqui, vi num fórum italiano e estive um tempo a olhar para aquilo para peceber alguma coisa
Foi neste tópico: http://forummistermandarino.forumfree.it/?t=50778791#entry416883049

Em relação a serem parecidos aos Modestos, não falei em comportamento mas sim geneticamente. Digo isto pelas pesquisar que fiz