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Nutrição (Proteina)

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Paulo Lobo Ferreira
joao_z
AvilandiaPT
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Nutrição (Proteina) Empty Nutrição (Proteina)

Mensagem  AvilandiaPT Seg 11 Nov 2013, 10:54

Olá,

Estava a arrumar alguns dos meus documentos e artigos e lembrei-me de partilhar este artigo que escrevi para a revista do GCP. Não sendo directamente sobre nutrição de exóticos, alguns dos princípios podem ser aplicados de forma semelhante e pelo menos a maioria dos conceitos pode ser útil.
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Proteina, sim ou não - afinal como ficamos?

Os conhecimentos e divulgação da criação de aves, em particular canários, têm registado um crescimento considerável nas últimas décadas, aumentando também o interesse por aspectos mais técnicos da sua manutenação e criação em cativeiro, como é o caso da nutrição.

Os canários são aves sobretudo granívoras, que evoluiram para uma grande eficiência digestiva. Os valores nutricionais disponíveis indicam necessidades de cerca de 60-70kJ/dia de energia com dietas variando de 16-23% PB ao longo do ciclo reprodutivo.

O avanço dos conhecimentos no campo da nutrição e o aumento da oferta de suplementos e produtos disponíveis no mercado abriram o leque de soluções disponíveis, mas também aumentaram as dúvidas e a troca de informações, nem sempre correctas, entre os criadores nesta matéria.
São frequentes as questões colocadas sobre a nutrição das nossas aves. Existem vários estilos de dieta e cada criador tem as suas preferências. Muitas vezes não existe, contudo, uma linha condutora nas opções nutricionais que são tomadas acabando estas por se apoiarem apenas na experiência empírica e no hábito. Isto sucede, em grande medida, porque há alguma dificuldade em compreender aspectos básicos sobre nutrição que são essenciais para avaliar os efeitos da dieta nas aves.

Um dos aspectos mais debatidos nos últimos tempos é a utilização de suplementos, entre os quais a suplementação de proteína. Falar de utilização de proteína é, por si, um erro se considerarmos que mesmo as sementes contém proteina.

Este artigo tem como objectivo abordar a suplementação de proteina na dieta de canários em cativeiro. Qualquer dieta apenas pode ser analisada no seu global. Não faz sentido, com este objectivo, analisar apenas um dos seus componentes. Para que seja possível compreender o papel da proteína na dieta é, por isso, necessária alguma informação básica sobre nutrição, nutrientes, as suas funções e metabolismo.

Nutrientes

De uma forma geral e muito simplificada a dieta pode ser dividida em três grupos base de nutrientes: energia, proteina e gordura.
Qualquer alimento (excepto água) contém maior ou menor quantidades de nutrientes de todos estes grupos. Alguns alimentos são mais ricos em nutrientes de função energética, outros de função plástica, outros ainda de função reguladora. Esta noção é também importante para perceber como é possível modificar a dieta.

Os hidratos de carbono são essenciais do ponto de vista energético. A falta de hidratos de carbono não costuma ser um problema em aves granívoras saudáveis, uma vez que são o principal constituinte da dieta.

A gordura é necessária como tecido de reserva e fornece uma forma de isolamento. Está também relacionada com os processos de absorção e armazenamento de algumas vitaminas, reprodução e resposta ao stress.

A função de cada nutriente é determinada pela sua natureza bioquimica. O organismo utiliza, preferencialmente, os hidratos de carbono como fonte de energia (função energética), os compostos nitrogenados (proteina) para construção de tecidos (função plástica) e as gorduras como reserva de energia mas também em alguns tecidos (função energética e plástica).
Esta é a utilização preferencial porque, em alguns casos, os nutrientes podem ser usados com outras funções. O melhor exemplo é a proteina que, em caso de necessidade, pode ser degradada e usada para obtenção de energia pelo organismo.

A energia é essencial à vida. O organismo utiliza essa energia para manter todo o sistema a funcionar, incluindo produzir a energia que necessita para manter a temperatura corporal necessária a que ocorram todos estes processos. Os processos catabólicos libertam energia que é usada para manter a temperatura coporal e, parte dela, armazenada em moléculas específicas (ATP). Estas moléculas serão usadas para realizar os processos anabólicos. Existem diferentes processos e ciclos envolvidos cuja explicação não é essencial aos objectivos deste artigo.

Metabolismo – anabolismo e catabolismo equilibrados

O funcionamento normal do organismo é mantido num estado de equilibrio constante entre criação e destruição. Os animais ingerem os alimentos que, através da digestão, “desmontam” (catabolismo) nos seus nutrientes mais simples e absorvem para, de seguida, os usarem na “construção” (anabolismo) e manutenção do organismo.
Podemos pensar no organismo como um estaleiro de obras ao qual devem chegar constantemente novos materiais de construção. Enquanto alguns destes materiais podem ser usados directamente, outros têm de ser separados e preparados antes de poderem ser usados.
Nutrientes como água, vitaminas e alguns minerais são muito simples e não necessitam de ser digeridos. Proteinas, hidratos de carbono e gorduras têm de ser digeridos em nutrientes mais simples para que possam ser usados pelo organismo.

Do alimento à utilização

Existe um grande diferença entre dieta, alimento, nutrientes, ingestão, digestão e absorção.
Uma dieta é composta pelo conjunto dos vários alimentos que o animal consome.
Cada alimento é composto por vários nutrientes. Pode conter maior ou menor quantidade de cada ou apenas alguns mas, por regra, tem vários nutrientes. As sementes, por exemplo, contêm água, hidratos de carbono, proteina, gordura, minerais, vitaminas.
Para que possam ser utilizados é necessário que os alimentos entrem no organismo (ingestão), sejam processados em unidades simples (digestão), transportados para a corrente sanguinea (absorção) e só então utilizados pelas células, armazenados ou eliminados do organismo.
Todos estes passos são aqui referidos porque, apesar de parecerem meramente teóricos, correspondem na verdade a etapas essenciais para compreender a nutrição das nossas aves.
O resultado da nutrição depende do conjunto de alimentos que fazem parte da dieta, da sua composição nutricional, da quantidade em que são consumidos, da forma e eficácia com que são digeridos e da capacidade do organismo para os absorver, utilizar e eliminar.

Necessidades nutricionais

A quantidade em que cada nutriente é necessário para o correcto funcionamento do organismo corresponde à necessidade do organismo para esse nutriente.
O seu valor depende de vários factores: do próprio animal, do peso, do estado, das condições ambientais, entre outros.
Uma das noções importantes na nutrição de aves ornamentais é aceitar que o nível de informação científica disponível que existe é limitado. Apesar de existirem alguns trabalhos publicados sobre aves ornamentais, incluindo passeriformes em particular, muitos dos dados disponíveis referem-se a espécies de exploração industrial.

Uma visão tradicional que facilmente podemos aplicar às nossas aves é a divisão das necessidades em 3 fases distintas: necessidades basais; necessidades de produção; necessidades de crescimento.
As necessidades basais são consideradas como as necessidades do organismo para manter a sua actividade metabólica minima (em estado de repouso e em situação tranquila). Não há crescimento nem perda de peso ou qualquer desgaste fisico além do minimo para se manter vivo. Existem, portanto, sempre para qualquer animal.
Quando o animal entra em produção (por exemplo, postura e reprodução) além dessas necessidades basais vai necessitar de mais nutrientes para produzir ovos, superar o desgaste fisico adicional (está mais activo) ou, no caso das fêmeas, elevar a temperatura corporal na incubação.
Na fase de crescimento existe uma necessidade adicional de formação de tecidos.
Facilmente se percebe que estas necessidades são cumulativas e podem, em alguns casos, estar sobrepostas. É possível que um animal ainda em crescimento esteja já em produção.
No caso das nossas aves é possível simplificar e separar completamente estas necessidades com alguma facilidade correspondendo, respectivamente, às necessidades nutricionais nas fases de manutenção, reprodução e crescimento (crias). A fase de muda pode ser analisada de forma particular como uma fase diferente do ciclo ou interpretada, para efeitos de simplificação, como uma fase de crescimento.

O desempenho nutricional é sempre determinado pelo nutriente limitante, ou seja, o primeiro a estar em falta na dieta. Mesmo que todos os outros nutrientes estejam disponíveis nas quantidades necessárias, ou até mesmo em excesso, caso um deles falhe, será a quantidade disponível desse que limita os resultados.
Se pensarmos nas necessidades como um barril cortado, em que cada tábua representa um nutriente, só é possível encher o barril até à altura da tábua mais curta – esse é o nutriente limitante.

Energia

A energia é o principal factor de referência. A taxa metabólica é um indicador base do ritmo a que um animal em repouso consome oxigénio. O oxigénio é um componente essencial do processo normal pelo qual os animais conseguem produzir energia (via aeróbia). Por isso o consumo de oxigénio pode ser relacionado com a quantidade de energia produzida. A taxa metabólica é expressa em kcal de energia por kg de peso por hora.
Um dos principios essencias é que animais de menor peso corporal apresentam taxas metabólicas mais elevadas. Isto acontece porque possuem uma relação menor de volume corporal/área corporal.
No caso das aves passeriformes, as taxas metabólicas chegam a ser 50% mais elevadas, em média, do que nos mamíferos e mesmo outras aves. Isto resulta num consumo de alimento superior em relação ao peso corporal.

O metabolismo energético é, por isso, de grande importância para os animais. Os canários são aves, preferencialmente, granívoras pelo que grande parte da dieta é composta por sementes, um alimento de elevado valor energético.
As necessidades diárias de energia indicadas especificamente para canários com peso médio de 25gr variam entre 16,5KJ/dia e 82KJ/dia (Sales et al., 2003) consoante o método utilizado de medição e respectiva equação de cálculo. Isto demonstra bem as incertezas que encontramos para avaliar a dieta de canários em cativeiro.

Apesar de, por vezes, a proteina não ser considerada nesta função, outro aspecto importante é que tanto hidratos de carbono como gordura e proteina influenciam directamente a densidade energética do alimento. Como a gordura é mais energética que os hidratos de carbono (1g = 9kcal contra 4kcal) o nivel de gordura na dieta influencia fortemente a sua quantidade de energia.

Proteina

As proteinas são compostos complexos de aminoácidos. De uma forma simples são cadeias mais ou menos longas e mais ou menos “enroladas” de aminoácidos em diferentes ordens.
Um dos erros frequentes nas discussões sobre proteina é a confusão entre estes dois termos. Apesar de serem formadas por aminoácidos existe uma diferença muito grande quando falamos de suplementação de proteína e suplementação de aminoácidos. É óbvio que ao fornecer proteina adicional se fornecem  também mais aminoácidos.
Suplementação de proteina refere-se, em termos nutricionais e formulação de dietas, à adição de proteina na dieta. Tem como objectivo aumentar o nivel de proteina e alterar a relação energia/proteina da dieta.
A suplementação com aminoácidos tem como objectivo alterar directamente a disponibilidade de um ou alguns aminoácidos (geralmente limitantes) na dieta, não alterando de forma tão significativa o valor proteico global.
Para compreender melhor esta questão é necessário introduzir os conceitos de “aminoácidos essenciais”, “perfil de aminoácidos” e “valor biológico” no que se refere às proteinas.

Pelo facto de serem compostas por aminoácidos isso não significa que todas as proteinas sejam iguais. Existem muitos aminoácidos diferentes embora se considerem cerca de 20 como principais para a formação de proteinas. Alguns destes podem ser sintetizados pelo próprio organismo a partir de outras moléculas e de outros aminoácidos, por isso não é necessário que o animal os consuma numa quantidade minima. Caso sejam insuficientes é possível produzi-los. Contudo, existem outros aminoácidos que o organismo não pode produzir, portanto caso não os consuma através de alimentos que os possuem ficarão em falta. Estes aminoácidos consideram-se por isso aminoácidos essenciais. Para as aves os aminoácidos considerados mais relevantes na dieta são lisina, metionina e triptofano. Destes, lisina e metionina serão os mais significativos para a nossa realidade na nutrição de canários.

Cada proteina é uma cadeia na qual diferentes aminoácidos estão organizados numa ordem específica.
Portanto diferentes proteinas fornecem diferentes aminoácidos. Infelizmente, o tema da proteina é quase sempre reduzido a discussão do valor de Proteina Bruta (PB). Avaliar apenas o valor de proteina bruta da dieta apenas permite observações muito genéricas, eventualmente no que se refere à densidade energética e relação energia/proteina. Isto é facilmente compreensível se, numa situação extrema, imaginarmos uma proteina composta por um único aminoácido. Mesmo fornecendo uma grande quantidade dessa proteina a dieta seria sempre deficiente nos restantes aminoácidos essenciais.
O valor biológico da proteina é uma forma de avaliar a composição da mesma em variedade e quantidade de aminoácidos que fornece ao animal.
Esta questão é importante na diferença entre proteina animal e vegetal. As proteinas de origem vegetal são mais ricas em certos aminoácidos enquanto proteinas de origem animal são mais ricas noutros. Grande parte da dieta fornecida às nossas aves é baseade em alimentos de origem vegetal. Mesmo as papas comerciais são, de uma forma geral, feitas a partir de cereais, farinhas ou outros ingredientes derivados de vegetais.
As proteinas de origem vegetal são também consideradas proteinas incompletas uma vez que não fornecem todos dos aminoácidos necessários. As proteinas de origem animal são por sua vez consideradas completas.
Os aminoácidos sulfurados (metionina/cistina) são particularmente importantes neste equilíbrio uma vez que são mais abundantes em proteinas de origem animal.

Controlo do consumo de alimento

Qual a quantidade de sementes e outros alimentos que as suas aves consomem é, infelizmente, uma questão a que muitos criadores não sabem responder. Pode parece pouco importante mas falar de dieta sem falar de quantidades não faz qualquer sentido.
Se a quantidade fornecida for insuficiente para a ave cumprir as suas necessidades basais, obviamente que esta vai morrer. Este extremo não se coloca, pois em cativeiro as aves têm sempre alimento disponível. Mas isso não resolve o problema. A quantidade pode ser suficiente mas a ave não consumir os nutrientes em proporções devidamente equilibradas. Come demais e engorda ou se comer de menos pode mesmo assim faltar algum nutriente que limite o seu desempenho.
Isto acontece porque o consumo de alimento não é ilimitado. Existe um limite à quantidade de alimento que a ave consegue ingerir (capacidade de ingestão). Compreender os mecanismos que controlam esse aspecto é importante para a formulação de dietas. Além disso é também necessário considerar a variedade de almentos que são oferecidos e o consumo preferencial de apenas alguns destes.

Um dos aspectos mais importantes é a densidade energética que já foi referida. A ave vai comer até ter consumido uma certa quantidade de energia. Mas consumir só energia não chega porque o organismo também necessita de proteina e outros nutrientes.
A relação entre energia e proteina é, por isso, um factor muito importante na dieta das aves. Fornecer demasiada energia para o nivel de proteina da dieta significa que a ave vai continuar a comer até conseguir obter uma certa quantidade de proteina que necessita. Esse excesso de energia é armazenado pelo organismo na forma de gordura. A gordura é um tecido vivo por isso vai aumentar a massa corporal e as necessidades basais, fazendo com que a ave tenha de consumir ainda mais alimento.
Por outro lado aumentar demasiado a proteina bruta pode sujeitar o organismo a um excesso de aminoácidos que não necessita e não pode armazenar, que por isso têm de ser expulsos sujeitando os rins a um maior esforço. O facto de as aves expelirem ácido úrico e não ureia também necessita de um maior gasto de energia, pois o processo é menos eficiente.
Desse esforço adicional surgem também problemas de deposição de ácido úrico (gota).
Portanto, dietas com elevada densidade energética resultam numa redução do consumo de alimento, implicando directamente uma redução no consumo total de proteina. Isso acontece porque apesar de a ave consumir mais alimento, a quantidade total é limitada pela capacidade de ingestão. Uma vez atingido esse limite, mesmo que a quantidade de proteina consumida seja inferior às necessidades, a ave não consegue comer mais. Isto piora ainda mais o aproveitamento da proteina disponível na dieta.

Dietas com valores de proteina inferiores, para a mesma quantidade de energia, resultam num maior consumo de alimento.

Esta observação sugere as aves não regulam o consumo de alimento apenas pelo nivel energético, o que pode ser relacionado com a maior taxa metabólica e respectivo aumento das necessidades nutricionais. Como os nutrientes são usados de forma mais rápida eventuais falhas têm de ser corrigidas também de forma mais rápida através da dieta.

Tabela 1: Necessidades estimadas para canários com peso-vivo 25g (adaptado de Euler, Saler e Taylor):

Consumo (g/dia)EM (kJ/kg)Δ(%)PB (%)Δ(%)Proteina (g/dia)
Manutenção2,5-3,02700-16-17-0,5
Reprodução3,0-4,02850(+5%)18-20(+16%)0,7
Crescimento*0,153000(+11%)21-23(+30%)0,5
Muda2,5-3,02800(+4%)18-19(+12%)0,55
* Indicado em (g/gr)

A alteração do consumo de alimento é facilmente justificado pelo aumento das necessidades nutricionais das aves nas fases de reprodução. A suplementação de proteina torna-se mais importante nesta fase pois permite equilibrar esse aumento do consumo (e respectivo aumento no consumo de energia total) aumentando o valor proteico da dieta.
As variações dos valores apresentados indicam que o aumento nas necessidades em cada uma das fases é cerca de 3 vezes superior nas necessidades de proteina em relação ao aumento das necessidades de energia, quando comparadas com as necessidades bases em manutenção.
Importa também distinguir entre as necessidades de adultos e crias nesta fase. As necessidades das crias são especialmente concentradas no aumento de energia e proteina, em particular até ao 11º-12º dia em que as crias atingem 80-90% do seu peso vivo, dependendo da raça. Este máximo coincide também com a formação de plumagem que representa um acréscimo significativo nas necessidades proteicas das crias em crescimento. Este periodo é um bom exemplo de sobreposição de necessidades nutricionais distintas: crescimento e formação de plumagem.
Por outro lado, as necessidades dos adultos permanecem um pouco abaixo destes valores. Contudo, é preciso ter em atenção que a as crias são alimentadas pelos adultos, em grande parte com a mesma dieta.
Uma forma de abordar estas diferenças é colocar à disposição alimentos com diferentes perfis nutricionais permitindo que as aves adultas se alimentem de forma diferente das crias. Enquanto as sementes fornecem um alimento de elevada densidade calórica e valor proteico mais baixo, a papa suplementada e germinados (quando usados) fornecem um alimento de menor densidade calórica e valor proteico mais elevado.
O papel da gordura na alimentação das crias é também muito importante. A reduzida capacidade de ingestão e o elevado valor energético necessário nesta fase de crescimento tornam necessário utilizar um alimento energético mais concentrado, o que pode ser conseguido elevando o nivel de gordura no alimento das crias.

Suplementação em aminoácidos e proteina

Como referido, a suplementação de compostos proteicos pode ser feita de duas formas. O primeiro factor a ter presente quando se analisa a proteina é que este é, em regra, o componente mais caro da dieta. Ingredientes com proteina de qualidade e elevado valor biológico são caros.
Um aspecto importante a que os criadores devem dar atenção é compreender a nutrição e utilização de suplementos de uma forma estruturada. A oferta do mercado é considerável e infelizmente estes são muitas vezes usados de forma incorrecta, sobretudo sem uma análise base do que se pretende atingir. Não basta olhar para os valores dos rótulos sem compreender o que estes significam. Uma papa com um valor de PB de 16% pode ser mais interessante do que uma de 20% dependendo dos ingredientes na sua composição e do valor dos restantes nutrientes.

A suplementação de aminoácidos tem como objectivo nivelar o perfil proteico da dieta. Aumentando especificamente alguns aminoácidos é possível melhorar a forma como a ave aproveita o alimento e reduzir o consumo de alimento. Isto tem um papel importante e directo na obesidade, porque ao aumentar o nível de aminoácidos na dieta a ave atinge mais rapidamente as quantidades de que necessita reduzindo a ingestão de alimento e de energia. É um principio básico de maneio alimentar que pode ser facilmente aplicado. Mas quando se fala de dietas e suplementação isso apenas faz sentido de forma estruturada. Uma suplementação eficaz é feita regularmente. As aves comem todos os dias e necessitam de aminoácidos, de proteina e energia todos os dias. A capacidade de armazenamento de nutrientes é muito reduzida e, na prática, só as gorduras, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais apresentam uma capacidade de reserva significativa.
Uma suplementação em aminoácidos, como forma de equilibrar o perfil proteico da dieta, deve ser realizada diariamente e de forma constante para que seja eficaz.
Olhando para os valores apresentados, a maioria das dietas de sementes fornece o suficiente para cobrir as necessidades de manutenção. Um aspecto importante é a forma como os criadores encaram o uso de sementes e outros alimentos, em particular as papas.
Em termos de valor nutricional, uma papa é um alimento (e tem de ser) pouco diferente das sementes. Deve ser acima de tudo um alimento mais facilmente digestivel. Por si só não introduz grande alteração nutricional na dieta. Qualquer alteração ou modificação nutricional significativa pode e deve ser feita com suplementação. A papa, em fase de manutenção, fornece um bom meio para fornecer essa suplementação.
Da mesma forma, a quantidade fornecida não é especialmente importante. Sendo o valor nutricional semelhante ao das sementes, uma papa equilibrada não engorda, pelo contrário, deve contribuir para controlar o nivel de consumo de alimento fornecendo alguma proteina adicional (que não exista nas sementes). Isso depende sobretudo dos ingredientes usados na sua produção.
Infelizmente, nem sempre existe essa preocupação. Se a papa contribuir para aumentar a densidade energética da dieta numa fase em que estas se pretende reduzida então irá, muito provavelmente, engordar as aves em fase de manutenção.
Esta situação é típica da utilização de papas húmidas (gordas) durante o periodo de descanso e papas secas na fase de reprodução.
Portanto, uma papa equilibrada pode ser usada em qualquer altura do ciclo, de forma constante. Uma papa nutricionalmente desequilibrada, sem a devida correcção (muitas vezes complexa e cara), será desadequada em qualquer altura do ciclo.

A suplementação de proteina, por sua vez, é analisada de forma diferente. Permite responder ao aumento das necessidades de proteina de aves em reprodução, crescimento e muda, por alteração do valor nutricional.
Considerando a dieta base tipica de 16%PB, podemos desta forma aumentar o valor para os níveis de reprodução de 22-25%PB.
Existem várias alternativas possíveis, pelo que importa analisá-las de forma mais detalhada.
O germinado é uma das possibilidades. Apesar de ser um alimento de grande interesse, tem os riscos já conhecidos e que não interessam aos objectivos deste artigo. Em termos de utilização, a sua maior vantagem nutricional é a elevada digestibilidade e apetência, uma vez que sendo um alimento húmido, fornece uma menor proporção de matéria seca. Além disso, o valor proteico adicional deste alimento (cerca de 25-30%PB) é reduzido para conseguir alterrar de forma eficaz a relação energia/proteina da dieta e continua a ser uma fonte de origem proteina vegetal.
Outras alternativas são a farinha de soja (processada), gérmens e leguminosas, todas estas de origem vegetal.
Para equilibrar a dieta com algumas proteinas de origem animal é possível usar ovo, levedura, insectos, farinhas de peixe ou carne ou leite (com limitações).

Alguns suplementos proteicos concentrados incluem apenas uma forma de proteina isolada (habitualmente caseina por ser de fácil obtenção industrial) enquanto outros incluem várias proteinas de diferentes origens. Um dos aspectos essenciais destes concentrados é que fornecem uma grande quantidade de proteina, permitindo com pequenas quantidades de produto elevar de forma significativa o valor proteico do alimento em que são aplicados (geralmente a papa). Outro aspecto fundamental é que a utilização destes compostos concentrados permite alterar de forma mais directa apenas o nivel proteico, afectando pouco os restantes nutrientes.

Um aspecto a referir é que a suplementação tanto de aminoácidos como de proteina deve ser realizada na comida e não na água. Existem poucas formas de proteina solúvel e diversos problemas em estabilizá-las em solução. Além disso se o objectivo é que estes alimentos sejam usados em reprodução e servidos às crias então a aplicação na papa é a melhor forma de o conseguir, uma vez que poucas aves alimentam as crias directamente com água.

Proteina – reprodução e muda

O efeito estimulante da proteina na reprodução é há muito tempo conhecido e utilizado no maneio alimentar de várias espécies.
A disponibilidade de alimento é um factor essencial para a reprodução e desempenha uma papel importante na regulação do ciclo reprodutivo. No caso das aves a resposta varia com as espécies, a sua zona de origem e as condições ambientais. Para as espécies de zonas temperadas como é o caso dos canários, o ciclo reprodutivo é controlado por um equilibrio de fotoperiodo e dieta.
O fotoperiodo influencia directamente a parte hormonal que controla o ciclo mas é a dieta que limita a resposta reprodutiva. Uma dieta insuficiente não permite um desenvolvimento reprodutivo eficiente.
Uma vez que a abundância de alimento não se coloca em cativeiro, a variação na dieta de reprodução deve ser feita pela introdução de novos alimentos e aumento do nivel de proteina.
A maturação sexual, produção de ovos e gâmetas e o crescimento das crias necessitam de uma quantidade adicional de proteina e gordura. Um ovo tipico é composto por 50% de proteina e 40-45%de gordura. Esses nutrientes  devem estar disponíveis para serem, no fundo, “enviados” pela fêmea para o exterior.
Também a fase de muda representa um aumento nas necessidades proteicas. Embora possa ser indicado um valor de referência, é aceite que essa necessidade pode ser satisfeita apenas com suplementação de aminoácidos (em particular metionina/cistina), sem alteração do valor proteico global.

Conclusão

Mais do que analisar apenas a suplementação de proteina, este artigo teve como objectivo fornecer ao leitor algumas noções básicas sobre nutrição. Pretende-se que, enquanto criadores, desenvolvam um espirito critico sobre a nutrição das aves procurando observar, analisar e compreender a dieta das suas aves, as alterações que podem ser introduzidas e qual o propósito e fundamento das mesmas.
Existem várias soluções disponíveis para alcançar esse fim e nem sempre o que se recomenda ou se ouve falar deste ou daquele produto tem fundamento.
Espero que seja útil e desperte o interesse de alguns para uma análise mais detalhada da nutrição das suas aves.

Bibliografia

Black, R. (2006 ) – Avian Nutrition, Avian Publications, Minneapolis
Euler et al, (2008) – Exigência de Proteína para canários (Serinus canaria) adultos, Archivos de zootecnia vol. 57, núm. 219, p. 312.
Harrison, G (1994) – Avian Medicine, Principles and Application, Wingers, Lake Worth.
McDonald, P. et al (1988) – Animal Nutrition, 4th Edition, Longman S&T, Harlow.
Sales, J et al (2003) – Energy and Protein nutrition of companion birds, Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University
Taylor, et al (1994) – The nutrition of the canary (Serinus canary), Waltham Centre for Pet Nutrition, Journal of Nutrition, American Institute of Nutrition.
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Mensagem  joao_z Seg 11 Nov 2013, 12:00

Olá Ricardo,

Parabéns pelo artigo vamos ver se vão saber filtrar a informação e usar no dia a dia Very Happy 
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Mensagem  Paulo Lobo Ferreira Seg 11 Nov 2013, 15:08

Bom dia Ricardo,

Excelente artigo, parabéns e obrigado por partilhares sem duvida de grande utilidade e interesse para nós criadores.

Nutrição é algo de bastante complexo, do meu ponto de vista mais complexo se torna em aves devido aos seus hábitos alimentares e formas de o fazer.
Como tens conhecimento este tem sido um desafio/problema no meu plantel. Tendo varias aves com problemas de obesidade o qual tenho tido bastante dificuldade em controlar. Fruto de inexperiência e maus hábitos que temos tendência a cometer quando esquecemos as varias fases anuais do ciclo, manutenção, criação e muda e as suas necessidades alimentares.

Por escassez de informação, por informação errada, por maus hábitos e por falta de experiencia temos tendência a simplificar o processo resumindo a época de criação ao uso excessivo de proteína para obtermos aves maiores, mais volumosas esquecendo com isso todo um conjunto de desequilíbrios que isso vai trazer futuramente.

A verdade é que trabalhar alimentação de aves sem ter em atenção vários pormenores torna-se perigoso e traz dissabores a curto prazo.

Pormenores esses que vou tentar enumerar a seguir:

Hereditariedade, obesidade é em muitos casos hereditário e este a meu ver o problema mais complexo de resolver. Este ano constatei que tenho aves que o ideal seria estar sempre na voadeira pois com imensa facilidade ficam obesas é impensável tê-las em gaiolas de exposição por longos períodos pois ficam de tal forma obesas que é "impossível" controlar. Aves estas que tem em comum a mesma progenitora que por sinal não é uma ave obesa mas transmitiu esta tendência aos descendentes. Mais curioso que tenho descendentes dela com dois machos diferentes sendo comum a obesidade em todas elas.

Escolha de alimento por parte das aves, quando colocamos um comedouro com uma mistura de sementes não sabemos quais as que vão ser consumidas por cada ave individualmente. Temos aves que tem tendência para comerem preferencialmente sementes com níveis de gordura mais elevada deixando as outras de lado. E nos aos substituirmos as sementes no comedouro vamos estar a dar a hipótese de elas escolherem e voltarem a comer de novo as ditas sementes deixando as outras para trás. Este é outro pormenor difícil de controlar quando o plantel tem um elevado numero de indivíduos. Por outro lado temos aves que tem dificuldade em comer as papas especialmente nas épocas extra criação e aí torna-se difícil administrar suplementação e controlar todo o aspeto alimentar destas aves.

Controle do plantel de forma geral, o desafio torna-se maior quando temos a nossa frente um plantel de 100 a 200 ou mais aves com necessidades diferentes pelos motivos acima mencionados. Bom diria que o ideal seria ter uma dieta especifica para cada ave no entanto é impraticável. Então é aqui que o artigo do Ricardo tem toda a importância e utilidade que é conciliar as necessidades de cada individuo num plantel homogéneo e equilibrado a nível alimentar. Conseguindo ao longo das varias gerações incutir hábitos alimentares no nosso plantel por forma a reduzir os picos de disparidade e uniformizar os mesmos.

Tudo isto se torna mais simples se encontrarmos resposta de qualidade no mercado, e neste momento a nível de misturas especificas para cada espécie não encontramos resposta. É certo que há misturas comuns a varias espécies é certo também que por dizer no rotulo exóticos ou diamantes australianos etc. as necessidades de umas são bastante diferentes das outras. Um exemplo comum disto é com frequência dar-mos aos mandarins uma mistura que esta focada nas necessidades dos goulds pelo simples facto de que não existe no mercado uma mistura especifica para mandarins. Por outro lado a nível de papas e suplementação a variedade é tão grande e a qualidade é tão irregular que não sendo bem aconselhados e acompanhados com facilidade se cometem erros.

Esta é uma área da criação/manutenção de aves que funciona ainda muito de forma empírica muitas das vezes baseado na forma como o nosso vizinho faz, onde imperam as mezinhas e o saber transmitido muitas das vezes de forma errada, não por mal mas porque simplesmente ninguém se dedicou a estudar e aprofundar como deve ser.

Em Portugal e desde à vários anos o Ricardo é uma das pessoas que mais conhecimentos possui nesta área e especialmente focado em aves ornamentais. É sem duvida uma referencia. Mais uma vez obrigado por partilhares.
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Mensagem  borllock Seg 11 Nov 2013, 16:00

Muito obrigado pelo artigo Ricardo, muito bom, muito bem redigido, toda a gente que cria aves ornamentais deveria de ler pelo menos uma vez.
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Mensagem  dukem Seg 11 Nov 2013, 17:33

Muito bom artigo Avilandia ainda só li um pouco mas tenho de ver o artigo com mais atenção. Este assunto interessa-me principalmente porque os africanos que crio se tornam semi-insectivoros na época de reprodução e noto se não manter uns certos níveis de proteína disponível as crias não tem o desenvolvimento esperado tendo algumas morrido e se aumentar muito os níveis de proteína normalmente também resulta na morte das crias os pais voltam a querer criar e abandonam ou matam as crias principalmente os machos . Continuação do bom trabalho.
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Nutrição (Proteina) Empty Re: Nutrição (Proteina)

Mensagem  Bruno Alexandre Seg 11 Nov 2013, 19:14

Olá a todos.

Parabéns Ricardo pelo artigo e obrigado, é destes artigos que merecem destaque.Nutrição (Proteina) 2366922115 

Cumprimentos.
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Nutrição (Proteina) Empty Re: Nutrição (Proteina)

Mensagem  AvilandiaPT Seg 11 Nov 2013, 21:57

Olá,

Um dia destes tenho de arranjar tempo para organizar alguns trabalhos e artigos nesta área. Neste caso foi um pedido de um amigo para a revista do GCP. A verdade é que nem sempre é fácil conseguirmos tempo para isso, mas aos poucos vai ganhando forma...
Já faltou mais! E realmente a facilidade com que este tipo de material é "emprestado" nestas coisas da net também não ajuda à vontade de escrever!

Em relação ao tópico em si...

Paulo, realmente a especificidade é um pau de dois bicos. Quanto mais limitado o mercado alvo mais complicado para se desenvolver produtos e o facto é que o nosso criador típico também não ajuda muito. Infelizmente com isso por vezes ficam prejudicados aqueles que até querem avançar para outras opções mas como sabes, estamos a tratar disso e talvez surjam umas novidades.

Realmente como dizes não podemos focar-nos numa ave em particular. Vão sempre existir diferenças entre umas e outras mas o objectivo deve ser equilibrar a dieta do plantel. E isso nem sempre é tão fácil quando se começa a elevar o nível de exigência e objectivos. Se fosse só "dar mais", seja proteina ou outros nutrientes não tinha muito que saber. Mas não é.

Dukem, para espécies que alterem o regime alimentar temos mesmo que ter muita atenção porque é tal como dizes. Não só pelo nível de proteína mas pelo comportamento alimentar em si (a que chamo de factor nutricional "PcP"). O aumento da proteína é um estimulo central mas o controle dessa estimulação não é fácil. É um bom exemplo de como podemos ter de analisar as dietas de vários pontos de vista em diferentes espécies.

De qualquer forma, espero que pelo menos sirva para se pensar um pouco e tirar algumas luzes sobre um aspecto particular da nutrição, mas que é apenas isso, um dos aspectos entre vários.

Cumps.
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Mensagem  Coelho Qua 13 Nov 2013, 22:21

Mais um excelente artigo Ricardo.
É deste tipo de coisas que eu falava no outro tópico e que fazem muita falta... principalmente se forem direccionados a mais espécies.
Aproveitando o teu tópico... qual vai ser o tema da palestra no dia 24?

Que opinião tens acerca da levedura de cerveja, principalmente para a criação de estrilideos?

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Mensagem  AvilandiaPT Qui 14 Nov 2013, 18:56

Olá,

É deste tipo de coisas que eu falava no outro tópico e que fazem muita falta
Pois, se fazem falta não sei... Mas sei que ocupam (muito) tempo, queimam pestanas e criam cabelos brancos. E na maioria dos casos vão sendo feitas porque gostamos do que fazemos.

Aproveitando o teu tópico... qual vai ser o tema da palestra no dia 24?
Aqui entre nós "palestra" é um termo que não gosto muito. Acho que remete um bocado para aquela ideia de alguém a pregar um "sermão" e os outros a ouvirem quando o objectivo do que tento fazer não é isso.
A ideia é falarmos um bocado sobre exóticos, desde o enquadramento das espécies, expressão na actividade e alguns dos problemas actuais, passando por questões de instalações, gestão de efectivos, nutrição, selecção, exposição e problemas mais comuns.

Cada um destes temas tem, por si, uma sessão/módulo próprio como se fez o ano passado em Marvão com nutrição e genética mas neste caso a ideia é tentarmos fazer algo mais abrangente. Com todas as vantagens e desvantagens.

Que opinião tens acerca da levedura de cerveja, principalmente para a criação de estrilideos?
Já se falou disso nuns tópicos em que até se fez umas contas e comparações de valor proteico. A levedura pode ser útil mas tem dois problemas. Um é o teor proteico médio em si (50%) que limita os valores a que podes chegar. Outro é a quantidade em que pode ser usada por questões de palatibilidade.
Em termos de composição não é perfeita apesar de ser interessante no perfil de aminoácidos mas pode funcionar bem se não quiseres ir acima dos 20% (em conjunto com soja, por exemplo o que é curto para estimular a reprodução em algumas destas espécies) e trabalhares os aminoácidos (sulfurados, p.e.) também por outra via porque ai a soja já não pode ajudar.
Isto desde que não uses mais dos 5% (50gr/kg) onde pela minha experiência começa a notar-se uma redução no consumo. Essa é a maior desvantagem que acaba por limitar um uso mais eficaz.

Cumps.
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Mensagem  Coelho Qui 14 Nov 2013, 21:34

Olá novamente Ricardo

Foi uma espécie de revisão de biologia, com muitas coisas novas e interessantes. Smile  Acredito que dê muito trabalho, mas também deve dar bastante satisfação depois de estar terminado.

Quem achar que é sermão, tem sempre a possibilidade de saltar fora, tens que pensar assim!
Estou a ver que se vai falar um pouco de tudo. Eu não fui ao Marvão, mas queria ver se conseguia dar um salto lá desta vez.

Em relação à levedura, vi um tópico em que se falava nela mas não sei se é a esse que te referes. O que vi não me fez decidir pelo seu uso ou não. Já me falaram que ajudava a aumentar a capacidade de absorção de aminoácidos mas não me disseram porquê, também daí a minha pergunta.


Cumprimentos
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Mensagem  AvilandiaPT Qui 14 Nov 2013, 23:23

Olá,

Não estou a perceber essa noção de "absorver mais aminoácidos"...
Mas usar ou não é algo que depende da forma como organizes a dieta das aves. Qualquer alimento ou suplemento pode fazer sentido mas tem de ser visto como um todo. O nivel de proteina deve ser por norma secundario à energia e considerado sempre em relacao com o perfil de aminoacidos. Tudo isso depende da totalidade da dieta.

Cumps.
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Mensagem  Coelho Sex 15 Nov 2013, 18:23

Olá Ricardo

É o que dá ser interrompido a meio. Estava a reler a tua resposta e foi aí que fui buscar os aminoácidos... o que me disseram foi que aumentava a absorção de nutrientes e que essa era a principal vantagem da levedura. Como não me explicaram a razão, resolvi perguntar.
Eu falei usar no sentido de eu ter ficado com a sensação de que valia a pena experimentar ou não. Os resultados já se sabe que também estão relacionados com outras coisas. Mas se de facto houvesse alguma informação de que ajuda em alguma coisa no processo de aproveitamento da dieta, já era algo a estudar.

Cumprimentos
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Mensagem  AvilandiaPT Sex 15 Nov 2013, 18:36

Olá,

Fábio, acho que já percebi.
Ajudar na absorção de nutrientes, que me ocorra, pode acontecer se virmos a coisa de duas formas.
A mais directa é que levedura de cerveja é, como o nome indica, uma levedura... E como tal pode realizar alguma competição em termos de microflora intestinal o que tem algum efeito em termos de produção local de vitaminas, etc, etc.
Outra tem a ver com o nível de aminoácido na dieta. Uma das formas de melhorar o desempenho nutricional de uma dieta é corrigindo aminoácidos essenciais. Como a proteína é, no fundo, aminoácidos, ao usares um alimento com mais proteína acabas por fazer isso. Não é a forma correcta de o fazer em termos técnicos (muito menos económicos) porque corres o risco de descompensar o nível de energia e sobrecarregar todo o sistema renal. Correctamente isso faz-se com suplementação de aminoácidos directamente e não com proteína completa. Mas nesse sentido sim, suponho que ai aumentar um pouco o valor proteico e fornecer sobretudo mais lisina dê uma ajuda.

Mas o que vais ver depende muito da base em que o aplicares.

Cumps.
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Mensagem  Coelho Sex 15 Nov 2013, 18:51

Olá novamente Ricardo,

Foi mais ou menos isso que percebi na altura que me foi explicado. A ideia que me veio a cabeça foi também sobre o efeito que poderia ter ao nível da flora e no aumento da absorção. Em relação ao que a própria levedura pode dar, para alem do alto valor proteico, não sabia. Por esse motivo pedi a tua opinião, para tentar saber mais e partilhar com o pessoal.

Obrigado Wink 
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